Mais vale nunca mais crescer


A música dos GNR que passava na rádio coincidiu com a última página do "Tudo o que o amor não é". Eu que já vinha de ler o "Livro de reclamações das crianças" também do Eduardo Sá posso dizer com toda a sinceridade que nalguns assuntos fiquei com mais dúvidas do que já tinha, noutros casos surpreendida, mas também consegui encontrar o norte nalgumas matérias. Quem espera encontrar respostas objectivas do tipo: "faz isto e não faças aquilo e assim estás a educar bem", pode tirar o cavalinho da chuva. Acho que nunca marquei tantas páginas num livro, obriguei-me a fazer pausas na leitura para poder reflectir, intuir, perceber por mim o que posso mudar, o que devo evitar.
Para quem tem ou não filhos, para quem conhece crianças, aqui ficam algumas frases do livro:
..."As crianças:
  • estão obrigadas a dizer, pelo menos uma vez por dia, uma asneira (porque a agressividade que se guarda transforma-se em violência);
  • estão obrigadas a invejar de 8 em 8 horas, para que a inveja se transforme em ambição;
  • estão obrigadas a ficar de castigo sempre que evitem estar tristes de cada vez que lhes apeteça (porque, como vos tenho dito, a tristeza é o melhor antidepressivo do mundo);
  • e estão obrigadas a guardar o melhor dos piores sentimentos para quem goste muito delas (pais e professores incluídos), porque as pessoas de quem se gosta nunca se devem tratar com cuidado... mas com alma e com verdade."...

..."Ao ensinar sem escutar, a escola foi formando melhores técnicos mas, muitas vezes, piores pessoas. Uma escola assim não educa: confunde educar com domesticar"...

..."A Lei é, portanto, um troca: eu faço-te a vontade e, em troca, gostas mais de mim. Ao contrário a disciplina é aquilo que se exige sem se dar. Sendo assim, a Lei ajuda a crescer e a disciplina faz mal à saúde"...

O Eduardo Sá fala nos dois livros frequentemente da Lei não ser igual para todos. Foi como uma estalada bem assente. A lei deve vir de dentro para fora e deve ser um olha para o que eu digo e um olha para o que eu faço. Com um exemplo muito simples percebem onde quero chegar: Como é que a minha filha pode parar de gritar se eu lho peço a gritar com ela.

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